Escrevi esse texto originalmente em outubro de 2013, quando visitei o Zoológico de Lujan, na Argentina. É uma experiência controversa e ainda hoje fico com o coração dividido de lembrar. Afinal, pense em animais selvagens presos em jaulas, com centenas de pessoas passando as mãos neles todos os dias. Estranho, no mínimo.

Zoológico de Lujan. Foto: arquivo pessoal
Visitar o Zoológico de Luján é uma experiência muito louca. Isso porque você pode entrar nas jaulas de bichos como tigres e leões. No zoo, te contam a seguinte história: desde filhotes, os animais são criados junto com cachorros, por isso, eles crescem repetindo o comportamento de bichos de estimação. Os cachorros também são treinados para morder os felinos no focinho (a parte mais sensível deles) quando dão patadas mais fortes ou tentam atacar. Assim, eles aprendem que não devem fazer isso. Well, até faz sentido, mas é muito louco estar numa jaula com dois ou três tigres. Enquanto você passa a mão em um, o outro está andando atrás de você. Sim, dá medo. É inevitável pensar: “o outro vai me atacar pelas costas!” Porque, reflita: ok, eles foram criados com cachorros (aliás, os cães estão nas jaulas junto com eles), mas são animais selvagens e também há o estresse de milhares de pessoas passando a mão todos os dias. Eu pensava também naquelas histórias de cães rottweilers criados desde pequenos por um família e, de repente, o cachorro ataca e mata alguém. A família sempre diz: “mas era tão mansinho. Nunca tinha feito nada.” Pois é. Sempre tem um dia em que ele faz. Tem gente que diz que os animais do zoo são sedados. Mas, claro, a direção nega. Sei lá, é meio estranho. Mas, abstraí tudo isso e fui lá.
O zoo fica em uma rodovia na cidade de Luján (a uns 80 quilômetros do Centro de Buenos Aires). O ingresso custa 400 pesos (uns R$ 100, se o site estiver atualizado em 2016). Eu fui com uma excursão com guia, que te busca e te leva no hotel. Paguei quase o dobro do preço do ingresso pelo pacote, mas gostei. Já está incluído algumas coisas que te cobram a mais no zoo, além do ingresso, e a guia faz fotos suas com uma máquina dela e depois posta no Facebook do tour, o que te permite baixar as imagens. Quem tiver interesse, o nome é Superguias. Com a van deles, a viagem demora uns 40 minutos. Outras opções mais baratas, são o ônibus 57, que você pega na Plaza Itália (lembrando: pagamento só em moedas), mas aí tem que avisar o motorista e descer no meio da rodovia (mas o zoo fica logo pra dentro). Com esse ônibus, a viagem dura duas horas. Ou também há vans da empresa Fabebus, que vão até Luján. Também tem que pedir para o motorista para descer no meio da estrada. Nessa opção, a viagem dura uma hora.

Zoológico de Lujan. Foto arquivo pessoal
Nas jaulas dos bichos mais perigosos, há duas grades. Entram por vez de duas a quatro pessoas. Você entra na primeira, eles trancam. Aí, você deixa bolsas e qualquer coisa que leve na mão e também correntes e brincos. Só dá para levar a máquina fotográfica. Depois, eles abrem a segunda porta e você entra onde estão os bichos. Dá medo. Os leões pareciam bem tranquilos, mas os tigres estavam agitados. Na jaula onde tem um tigre branco e outro listrado, esse segundo pegou com a boca a térmica de água quente do tratador que estava tomando mate e saiu correndo. O tratador atirou um objeto contra a grade para que o animal soltasse a térmica. Tenso! Na outra, onde estavam três tigres, um franguinho solto pelo zoo teimava em querer ficar no espaço entre as duas portas da jaula. Os tigres ficaram bem loucos, querendo pegar o frango. E eu lá dentro da jaula junto com eles! Um passou correndo bem ao meu lado, me encostou na perna. Gelei! E os treinadores não pareciam confortáveis com a situação. Mas, enfim, nada aconteceu. Toda hora, os tratadores ficam dando carne na boca dos bichos. Há também algumas orientações. Para passar a mão, só se for bem firme e não na cabeça nem perto do rabo, apenas nas costas. Crianças não entram nas jaulas dos felinos.
Além de entrar nas jaulas dos bebês leões ( uma graça! Parecem gatos grandes), dos tigres (são duas jaulas, uma com um branco e um tigrado e outra com três tigrados) e dos leões (dois em uma jaula), é possível alimentar um elefante com uma cenoura ou fruta. A orientação é só ficar de costas e a mão erguida para ele não passar a tromba na sua cara. Para dar comida aos ursos, tem que pagar cinco pesos (no pacote que eu contratei, já estava incluído). Você recebe marrom-glacê, biscoitinhos, para colocar na ponta de uma vara. Você fica do outro lado de uma grade, não dá para chegar perto dos ursos, apesar de eles terem recebido a mesma criação que os leões, junto com cães. Outra atração é andar de dromedário. Podem subir duas pessoas por vez. Mas me deu pena dos bichos. A vida deles é andar em círculos carregando pessoas nas costas.
O zoo não é tão grande. Também tem ovelhas, cervos, veados, emas, macacos, foca, leão marinho, galinhas e pavões (incluindo um branco, que eu nem sabia que existia). Não são permitidas fotos da cobras, araras e iguanas. Isso porque, se você quiser, o pessoal do zoo coloca esses animais nas suas mãos, mas cobram pelas fotos. Claro.
Eu fui num dia de semana e bem no início da manhã. O movimento estava bem tranqüilo. Mas, dependendo do dia e horário em que você for, pode ter fila de horas para fazer fotos com o leão ou tigres.